sexta-feira, 30 de julho de 2010

Queria

"... E, escrevendo, poupei coisas que gostaria de ter dito e que gostaria que tivesses ouvido. Cheguei quase a convencer-me de que bastava escrever-te para tu me ouvires, mesmo que nunca tenha chegado a pôr a carta no correio. Porque era tão sentido e tão magoado, o que te dizia nessas cartas, que quase acreditei que tu não podias deixar de me ouvir. Não é verdade, pois não? Devia ter falado contigo, mas, se calhar, já era tarde, então. Já tantas coisas tinham passado pela minha vida, entretanto! A meada era já demasiado grande e longa para retomar o fio, onde quer que fosse. Queria que me ouvisses e que falasses comigo. Mas não te queria ver, não queria que me visses..."

Queria que me ouvisses e que falasses comigo. Mas não te queria ver, não queria que me visses... É isso. É precisamente esse sentimento estranho que guardo comigo. Há tanto que ainda gostava de te dizer, mas só dizer. Dizer, para tu simplesmente ouvires, e eu fugir. Não olhar para ti , não olhar para os teus olhos nem para a tua expressão e poder fugir. Fugir de ti, sem sentir mais nada, se não apenas um grande alívio .

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